Pesquisa revela que chineses consumiram mais certos itens na quarentena, como bebidas alcoólicas e produtos de limpeza. Empresas se preparam para um ‘novo normal’.
Os consumidores chineses estão retomando a confiança na economia conforme diminuem o isolamento social e o total de casos do novo coronavírus no país, mas com um otimismo ainda “cauteloso”, e uma parcela significante da população bastante pessimista quanto ao futuro.
As empresas, por sua vez, se preparam para revisar projetos, investimentos e estratégias, ao encontro do que já vem sendo chamado de “novo normal” após o pico de casos da covid-19.
Esse conceito deve incluir uma diminuição no consumo de itens muito buscados nos últimos meses de isolamento, como bebidas alcoólicas e produtos de limpeza e higiene pessoal, e um ambiente em que falta segurança, tanto sanitária quanto econômica, para ir às compras.
Essas são as principais conclusões de um levantamento da consultoria global McKinsey sobre o comportamento de consumo da população na China. Guardadas as proporções e diferenças, os dados sobre o país onde a atual pandemia surgiu – e, ao que parece, um dos que devem primeiro conseguir controlar a emergência de saúde – servem de referência para o setor e as empresas de varejo em outros países, inclusive o Brasil.
Segundo a pesquisa, que consultou 2.500 consumidores chineses em duas rodadas, primeiro no fim de fevereiro e, depois, no fim de março, quase metade (49%) dos entrevistados mais recentemente espera uma recuperação total da economia entre dois e três meses após o fim do surto. Essa proporção otimista subiu de 44% em fevereiro, e é maior (55%) entre consumidores de grandes metrópoles do que entre aqueles que vivem em cidades menores (40%).
A pesquisa também revela que o segmento que teve maiores aumentos nas vendas foi o de limpeza doméstica, com 53% dos entrevistados dizendo que passaram a gastar mais nisso enquanto estiveram em isolamento social. Na sequência entre os produtos com aumento de compras vieram bebidas alcoólicas (30%) e produtos de higiene (27%).
Outro dado interessante do levantamento, e que sinaliza dificuldades para algumas marcas se reposicionarem no pós-coronavírus, é que entre 20% e 30% dos entrevistados – o índice é menor em cidades menores – dizem que esperam passar a consumir menos, ou muito menos, após terem vivenciado a pandemia.
A isso se contrapõem perspectivas muito boas para certos segmentos, como itens esportivos – no embalo de novos conceitos, como o de treinar em casa – e produtos de beleza, em oposição a horizontes menos positivos, ou mesmo negativos, para outros nichos, como a de alimentos frescos, ainda com pouca penetração digital.
“As marcas precisarão responder a essas dinâmicas por meio de mais publicidade e esforços promocionais”, comentaram Johnny Ho, Daniel Hui e Aimee Kim, analistas e sócios da McKinsey na Ásia que assinam a análise dos dados.
Aposta em mídias sociais deu certo
O levantamento conclui ainda que a fatia das vendas on-line nos faturamentos das empresas cresceu entre 15% e 30%, e que as marcas que mais se deram bem – ou que menos perderam – foram as que apostaram em ações em mídias sociais.
O estudo cita a Perfect Diary, uma marca chinesa de produtos de beleza, que usou mais de 10 mil grupos no aplicativo de conversas WeChat para disponibilizar especialistas e impulsionar vendas. Segundo a McKinsey, exemplos como esse inspiraram grandes grifes globais, como a Lancôme, que posteriormente também abriu uma conta empresarial no WeChat para disponibilizar suas consultoras de beleza e aumentar as vendas.
Fuente: Valor Investe